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Capitulo 53: Rugido do Tornado

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Rugido do Tornado

Um amaldiçoado e uma dragoa estavam prestes a se enfrentar na sala do trono do castelo na capital do reino do fogo e a única previsão para um encontro como aquele era destruição. Escamas verdes e brilhantes cobriam aos poucos o corpo de Lillian enquanto suas asas batiam, a fazendo subir e seus chifres e cauda cresciam. Em volta da maga um círculo de vento veloz e poderoso se formava enquanto o rei Molthenos assistia tudo com um frio suor escorrendo do canto do rosto. Ele sabia que precisaria de muito mais poder que o normal para enfrentar algo do nível de um dragão, então apelou para os poderes demoníacos que havia acumulado com o tempo, fazendo sua espada ferver e seu coração queimar, até o ponto de que a pele do homem estava ficando avermelhada e seus músculos cresciam rapidamente.
Os monstros estavam prontos, as apostas haviam sido feitas e o sangue fervia para um duelo de grandes criaturas. No momento em que Molthenos correu na direção da maga, ela estendeu seu braço e a luta começou. Os muros do castelo tremiam enquanto a batalha seguia e Murdock já estava se perguntando o que diabos estava acontecendo nos andares acima enquanto todos os prisioneiros a sua volta se desesperavam, gritavam e choravam, imaginando que algum tipo de fera incrível iria destruir o castelo e demolir tudo sobre suas cabeças.
Murdock e Blazar sabiam que algo estava muito errado pois se fosse para os demônios eliminarem todos os que estavam presos ali, isso já teria acontecido, até que do fim do corredor da parte mais profunda das masmorras, ouviram o som de combate, metal contra metal e gritos de dor. Logo depois, soldados rebeldes, que haviam passado pelos guardas, vieram correndo para libertar os prisioneiros:

Soldado: Majestade! Capitão! Vocês estão bem?

Blazar: Poderíamos estar melhor soldado, mas agradeço pela preocupação. Como nos tiraram daqui?

Soldado: É uma longa história, senhor. Basta saber que os rebeldes tiveram a liderança de uma maga muito engenhosa!

Murdock: Uma maga, você disse? Pálida e de cartola?

Soldado: Sim capitão. A mesma que veio com você até o reino.

Murdock: E onde ela está agora?

Soldado: Ela foi aos salões superiores procurar pelo rei Molthenos, senhor.

Isso não soou nada bem na mente de Murdock. Após ouvir aquele rugido, sabia que algo de ruim estava acontecendo, então pediu a espada do soldado e mesmo fraco e desnutrido, ele correu o mais rápido possível escadaria acima. Blazar estava a mais tempo nas masmorras, então mal tinha forças para se levantar e seguir o amigo. Enquanto isso, a dragoa disparava feitiço após feitiço na direção do rei amaldiçoado, o atingindo várias vezes com estouros e cortes de vento que pareciam não ter fim, assim como a resistência do inimigo. Ele ainda não havia atingido sequer um golpe pois as defesas dela também eram impressionantes, mas era tudo uma questão de tempo. Ele sabia que quanto mais ela tentasse lutar, mais dor iria sentir, e pela expressão de incômodo, não faltava muito para ela desistir. A dor havia começado pela pele, depois a carne. Uma leve sensação de queimadura, que logo chegou a uma dor latejante, como um ferro em brasa que quase chegava aos ossos. Suas escamas que deveriam protegê-la, agora lhe causavam agonia e como maga, com baixa resistência, Lillian não sabia quanto tempo mais tinha até que finalmente caiu de joelhos no chão e suas asas sumiram. Não conseguia mais voar por causa da dor e os chifres estavam diminuindo:

Molthenos: Até que enfim... estava cansado de levar magia na cara sem parar. Eu sabia que sua maldição ia te dar problemas...

Lillian: Pois é... você entende bastante de problemas, não é? -disse ela, respirando pesadamente.

Molthenos: Sua maldição é diferente da minha. A sua lhe torna mais fraca e a minha mais forte...

Lillian: Não chamariam de maldição... se não tivesse um lado negativo...

Molthenos: E tem mesmo! Quando eu morrer, me tornarei um demônio e irei para o inferno, mas não é um problema pra mim. Mesmo como demônio sei que serei grandioso!

Lillian: Hahaha... grandioso... como um grande e tagarela lacaio, isso sim... demônios não costumam pegar leve com demônios fracos...

Molthenos: Eu resisti a tudo que você jogou em mim até agora, você está de joelhos, sem energia, e diz que eu sou o fraco? -disse ele, se aproximando.

Lillian: Se você estudasse um pouco, saberia da merda na qual se meteu. Humanos que se tornam demônios, de início, viram a mais patética e baixa forma de vida no inferno, podendo se tornar algo mais poderoso com o tempo caso não sejam devorados como vermes por pássaros... não entende? Você pode ser forte no mundo humano, mas no mundo dos demônios, você estará no ponto mais baixo da cadeia alimentar... -riu ela.

Esse pensamento não agradava Molthenos nem um pouco. Uma segunda chance de vida em um lugar abissal, mas se tornar um ser patético, o servo abaixo de todos os servos? Não podia ser verdade... a maga estava mentindo para irritá-lo, e ele não aceitaria esse destino, mas infelizmente, ele ficou pensativo demais para perceber o que Lillian estava fazendo. Com mais alguns gestos e palavras, ela se levantou rapidamente, tocando o peito do rei e fazendo as marcas da maldição brilharem no corpo do homem amaldiçoado. Isso lhe causou uma dor absurda enquanto ela utilizava um leve estouro de vento apenas para afastá-lo. No chão, agonizando e resmungando de dor e raiva, Molthenos não entendia o que tinha acabado de acontecer.
Lillian havia transferido parte da maldição dela para ele, que também tinha uma maldição no corpo. Ele estava a todo vapor, com seu poder elevado além do máximo e isso lhe causava uma dor insuportável. Com essa vantagem, Lillian agora só precisava do golpe certo, e ela tinha exatamente o feitiço necessário para acabar com aquele combate. Molthenos teve tempo apenas de tentar se colocar de joelhos enquanto a maga enchia os pulmões de energia mágica e acumulava uma grande quantidade de poder destrutivo. Molthenos sentiria agora, na pele, um dos poderes mais absurdos e devastadores de um dragão. Seria menor que o normal devido a maldição, mas Lillian sabia que era mais que o suficiente ara acabar de duma vez pro todas com aquela luta.
A boca dela se abriu quase que no mesmo instante em que Murdock abriu a porta e viu a situação do combate, surpreso coma  cena a seguir. Da garganta da maga, um potente jato de vento, forte como um tornado e igualmente letal avançou na direção do rei, o arremessando de costas em uma parede enquanto era esmagado e cortado pelo ataque devastador que era a baforada de um dragão dos ventos. Impressionado, Murdock encarou a cena sem dizer nada, apenas vendo a armadura, capa, pele e carne do rei sendo lentamente cortada e finalmente, o homem caiu desmaiado, com a cara no chão e aos poucos voltando a sua forma normal enquanto Lillian caía deitada no chão.
Alguns dias depois, Lillian ainda estava se recuperando dos efeitos que a dor da maldição haviam lhe causado e é claro, Murdock e Blazar, assim como vários prisioneiros, estavam se recuperando também dos resultados das últimas semanas nas masmorras. Eles nunca tinham dado tanto valor a uma boa refeição nas suas vidas. Molthenos foi magicamente selado e acorrentado, depois preso nas masmorras. Pelo resto de seus dias, ele receberia o mesmo tratamento que seus antigos prisioneiros e com o tempo, seria esquecido até o ponto de se tornar exatamente o que ele mais temia. Alguém abaixo de qualquer servo ou plebeu, um simples prisioneiro esquecido.
Blazar aceitou os antigos membros rebeldes de volta, agora como soldados de elite reais e recompensou a todos por sua bravura e honra ao reino, e é claro, o mesmo aconteceu com Murdock quando Blazar, agora rei, o nomeava o novo general do reino do fogo. Finalmente, um dos objetivos do velho capitão haviam se tornado realidade, mas ele ainda tinha muito trabalho pela frente e Blazar sabia disso, mas o problema eram as tropas. Por causa dos problemas e batalhas causadas por Molthenos, o reino tinha tido uma grande baixa em força militar e apenas os muros e armadilhas agora os mantinham protegidos contra os demônios que poderiam voltar a qualquer momento. Treinar novos soldados seria algo demorado e tempo era algo precioso.
Após uma longa reunião com os soldados, o general e os antigos rebeldes que agora estavam em postos de mais respeito, Blazar chegou a conclusão de que uma mudança drástica seria necessária nas defesas e na evolução do reino, além de que o contato com outros reinos seria algo muito importante naquele momento, uma grande união contra a tirania dos demônios, e ele tinha um plano em mente, e foi por isso que ele foi até o quarto de Lillian junto com Murdock enquanto ela era tratada por um clérigo para dar jeito na dor que ainda estava em seu corpo:

Blazar: Se importa se interrompermos por um momento?

Lillian: Pela graça dos deuses, interrompam o quanto quiserem! Estou cansada de ficar parada nesse quarto igual aquela salada no restaurante que ninguém come.

Blazar: Igual... o que?

Murdock: Ela tem um jeito engraçado de falar. Não se preocupe, majestade. -riu Murdock.

Blazar: Bem, eu ouvi muitas histórias sobre o que você fez para ajudar a tomar nosso castelo de volta, senhorita Armaturan, e admito que estou impressionado. Você fez melhor que muitos dos nossos militares.

Lillian: Militares não são treinados em loucura e nem em criatividade, então imagino que sim.

Blazar: Bem, sua criatividade e loucura nos deram uma ajuda da qual nunca teremos o suficiente para agradecer, mas nossa batalha ainda não acabou.

Lillian: Enquanto o mundo existir, as batalhas nunca acabam, mas diga, o que tem para mim?

Blazar: Um posto. Sei que pode não ser tão agradável, mas sua mente é muito mais desenvolvida que muitas que eu conheci, e eu gostaria, nem que fosse temporariamente, da sua ajuda como conselheira.

Lillian: Conselheira?

Murdock: Você é inteligente, estrategista, tem ideias incríveis. Mesmo que por um tempo curto, sua mente ao lado de um rei seria exatamente o avanço que esse reino precisa.

Lillian ficou pensativa por um tempo, mas não conseguia esconder o sorriso no rosto, afinal, estava sendo elogiada, e isso era algo que ela adorava. As opções eram mais que interessantes pois não só teria tempo de planejar seu novo feitiço, ainda em desenvolvimento, mas seria conhecida como aquela que não só salvou um reino, mas também o melhorou. Ela mal podia esperar para ver a cara dos professores e do diretor de sua antiga escola de magia quando fosse esfregar isso na cara deles, e é claro, sabendo de todo o trabalho que vinha pela frente, ela aceitou.
Que os ventos te guiem a vitória!
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